por Lucio Ribeiro (Portal Ig)
"Naquele 23 de agosto de 1991, todas as luzes pop iluminavam a cidadezinha de Reading, leste de Londres, onde centenas de bandas de rock disputam anualmente a atenção de público, imprensa e gravadoras naquele que é considerado o principal festival de música pop do mundo.
O primeiro dos três dias de evento teve atrações como Iggy Pop, Sonic Youth e Pop Will Eat Itself, mas o aviso foi dado: ‘Chegue cedo para ver esse Nirvana’.
Para mim, não precisou falar duas vezes. Morava no Reino Unido na época e já ouvia sem parar o primeiro disco do grupo, ‘Bleach’ (1989), graças a uma fita cassete de um amigo.
Junte-se a isso a curiosidade sobre ‘Nevermind’, que chegaria às lojas em um mês, e pronto: lá estava eu cedinho para ver o Nirvana.
Da hora em que Cobain ligou seu instrumento até o pulo descabido de guitarra e tudo sobre a bateria, no final, deu cravados 32 minutos. Durante esse tempo, quatro ‘músicas novas’: ‘Drain You’, ‘Smells Like Teen Spirit’ (o que foi aquilo?), ‘Come As You Are’ e ‘Breed’.
Em meio a isso, Grohl tirando de gozação, na bateria, o começo de ‘Sunday Bloody Sunday’ (hino do U2); Cobain ’surfando’ na platéia em pleno solo de guitarra; cantando ‘The End’, dos Doors, com voz fúnebre, para anunciar a chegada da última música do show; Novoselic arremessando de longe seu baixo em Grohl.
O show acabou. A estática platéia viu Cobain, já sozinho no palco, levantar em meio ao que sobrou da bateria. Como se nada tivesse acontecido na última meia-hora, ele se abaixou para pegar uma garrafa de cerveja do chão e saiu andando.
Por mais imprevisível que fosse o estouro da banda, era difícil não acreditar que o rock depois daqueles 32 minutos seria diferente."
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